bate-bola

As melhores entrevistas do basquete feminino no Brasil

quinta-feira, junho 14, 2007

Maria Helena Cardoso

Desde o início do ! Painel ! estamos à procura de Maria Helena, uma personagem única na história do nosso basquete e de talento também ímpar. Antes mesmo da contratação da técnica pelo Vasco, já tentávamos o contato. Atenciosa, a treinadora aceitou em nos conceder a entrevista, mas acabou recuando pela correria e por não estar interessada em recontar a sua história no BCN/Osasco. Mas agora, Maria Helena está de volta ao basquete e aceitou nosso convite. As quadras agradecem e nós também!

Com vocês, Maria Helena Cardoso, técnica da equipe de basquete feminino do Vasco da Gama (RJ)

1) Muita gente está feliz com a sua contratação pelo Vasco da Gama. Mas antes disso, quais eram seus planos? O que você estava pensando em fazer e por que ainda não havia voltado para as quadras?

Antes de ser contratada pelo Vasco, já estava sentindo falta das quadras e da "bola laranja", então estava tentando iniciar um projeto aqui em Piracicaba. Fora isto, estava viajando bastante, "carregando as pilhas". Não tinha voltado ainda, porque só Deus sabe qual é a hora certa.

2) Conte os detalhes pra gente da sua negociação com o Vasco da Gama. Foi uma decisão bem rápida, não?

Sim, foi muito rápida. Há algum tempo atrás, alguém me falou que o Vasco iria formar uma equipe de basquetebol feminino e que eu iria ser convidada. Como eu admirava o projeto que o Vasco vem fazendo com o esporte amador, me preparei psicologicamente, caso acontecesse o convite. Ele veio, eu já estava pensando em voltar ao basquete, tinha vontade de trabalhar novamente, então não titubeei, fui ao Rio e em menos de 2 horas acertei tudo com o dirigente do Vasco, o Sr Fernando Lima. O reconhecimento pela oportunidade que estava recebendo, e a confiança que o Vasco deposita em meu trabalho, me impulsionam a trabalhar muito para não decepcioná-los.

3) O surgimento desse novo campo de trabalho resultou da desistência de um projeto que você 'gerou' - o do BCN. Já pensou nessa coincidência?

Não acredito em coincidências. Acredito em "presentes " de Deus. E este foi mais um presente que recebi: PODER VOLTAR ÀS ATIVIDADES DE TÉCNICA E AINDA MAIS EM UM CLUBE COMO O VASCO.!

4) Você reestruturou o projeto do BCN e transformou um time de juvenis no melhor time brasileiro. Se você se sentir à vontade para isso, fale um pouco dessa história tão bonita, que acabou de forma melancólica - com a sua demissão da equipe.

Não gostaria de falar mais desse passado. Vinicius já dizia: "O amor é bom enquanto dura". Meu projeto com o BCN foi sempre uma relação de amor. Guardo grandes e boas recordações, alias elas são muito mais importantes do que o final desta história.


5) E agora: Vascaína desde criancinha?

Agora, como sempre fiz em minha vida, darei o melhor de meus esforços para ajudar o Vasco nessa nova empreitada com o Basquete Feminino Brasileiro. Visto, com muito orgulho, a camisa vascaína, e acho até que é um privilégio poder vestí-la.
6) Detalhe melhor os planos do Vasco para o time adulto.

Estamos ainda na fase de estruturação da equipe adulta. Os planos, são da alçada do Vasco.Nós integrantes da Comissão Técnica tudo faremos para tornar o Vasco uma escola de basquetebol feminino no Rio de Janeiro . Já foram contratadas grandes jogadoras,e sem duvida teremos uma grande equipe.


7) O trabalho de renovação vai ser uma das metas do clube?


De início vamos estruturar a equipe adulta e juvenil. Posteriormente, pretendemos formar também as equipes menores e principalmente núcleos de iniciação em basquetebol feminino na cidade do Rio de Janeiro, a qual, eu acredito ser um campo sensacional de talentos a ser desenvolvidos.

8) A Heleninha vai ser sua auxiliar?

Da Comissão Técnica farão parte ainda a Heleninha, como assistente do adulto e técnica do juvenil e o João Nunes como preparador físico.

9) O que você pode adiantar do Campeonato Carioca?

Espero que os outros clubes do Rio se motivem a formar também grandes equipes, para que o Campeonato Carioca possa ser muito disputado. Tenho esperança que isto aconteça.

10) Vocês pretendem extrapolar o ranqueamento da CBB, na intenção de formar um super-time?

Isto não me diz respeito. É uma pergunta a ser feita aos dirigentes do Vasco. Sou apenas técnica.



11) Como é a sensação de voltar ao trabalho com jogadoras que você ajudou a formar, como a Claudinha e, principalmente, a Micaela que era uma juvenil no BCN e hoje é uma jogadora em franca ascenção?

É um grande alegria poder voltar a trabalhar com estas jogadoras que você citou,e com todas as outras que trabalharão comigo. Elas são atletas que amam o que fazem, e isto já nos identifica.


12) Você estava nos Estados Unidos. Estava de olho em reforços estrangeiros?

Fui ao Estados Unidos em visita a um sobrinho que mora por lá. Mas, como boa "basqueteira" aproveitei para assistir alguns jogos da WNBA.De repente.... ver alguma jogadora.....


13) Como você avalia o momento do basquete brasileiro no panorama internacional? O que falta à seleção para manter a qualidade com a saída de Paula e Hortência?

Acho que o Brasil continua junto das grandes potencias do Basquetebol Feminino mundial. É apenas questão de tempo para que está equipe atual alcance grandes resultados internacionais, e com certeza estas atletas da geração atual também deixarão suas marcas no engrandecimento do basquetebol feminino brasileiro.

14) Qual o momento de maior felicidade dentro da sua carreira, primeiro como jogadora e depois, como treinadora?

Como um daqueles "Presentes de Deus" que vocês chamam de coincidências, meus melhores momentos como jogadora e como técnicas foram nos Jogos Panamericanos. Em 1971 fui Campeã Pan-americana em Cali,Colombia. Vinte anos depois, como técnica fui Campeã pan-americana em Cuba.


15) Sei que é difícil, mas queria que você apontasse alguns nomes em que você aposta para as próximas competições.

Como no basquetebol valorizo o trabalho da equipe, não gostaria de destacar apenas um nome. Acredito na homogeneidade equipe feminina brasileira para as próximas competições.



16) Quais as suas expectativas para os Jogos Olímpicos de Sydney?


Tenho a expectativa de que o Brasil realmente possa ser um país olímpico e que nosso basquetebol feminino melhore ou mantenha a posição conquistada em Atlanta.

17) Talvez ninguém mais que você possa analisar a qualidade do trabalho de renovação realizado no Brasil. Está havendo renovação ou estamos correndo riscos?

Infelizmente, em nosso país pouca gente investe em categorias menores.
As empresas,felizmente agora estão percebendo o valor dos investimentos em categorias de base, com o intuito de educar nossas crianças. Isto é um alento para que no futuro possamos ter mais participantes da modalidade
Acredito ser preciso também formar mais técnicos, especialmente para outros estados.Se dermos condições, nosso país tem um potencial humano muito bom.

18) O Bate-Bola do Painel para encerrar:
Vamos ao Bate Bola!

O jogo que eu não esqueço: vitória final do Pan-americano de Cuba
O jogo que eu tento esquecer e não consigo: a derrota, na prorrogação ,para Cuba nas Olimpíadas de Barcelona, que nos tirou a chance de disputar uma medalha.
Um time: O Vasco, é lógico!
Um campeonato:Os Jogos Pan-americanos de Cuba (91)

Um(a) técnico(a) adversário(a): Laís, por admirar o trabalho que ela durante tantos anos desenvolve em Santo André.
Uma estrangeira: sem dúvida, Elena Tornikidou. Grande atleta e grande pessoa.
Uma atleta: Todas as que trabalham e lutam com amor para dignificar nosso basquetebol feminino, não só como jogadoras, mas também como pessoas.
Uma quadra: Está aí uma coisa que nosso país está precisando melhorar!!!!Ainda assim, o Ginásio do Ibirapuera.
Um exemplo: A dedicação e perseverança do pessoal do basquete em cadeiras de rodas.


Obrigado pela entrevista. Um grande abraço do site PaineldoBasquete e o desejo de muita sorte e suor nesse seu aguardado retorno às quadras.
Eu é que agradeço a oportunidade. Abraços!