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As melhores entrevistas do basquete feminino no Brasil

quinta-feira, junho 14, 2007

Sérgio Maroneze

Citado em um dos casos do Procura-se, aqui no Painel, o assistente técnico da seleção brasileira de basquete feminina em seu período de maiores glórias (93 a 96), Sérgio Maroneze Duarte entrou em contato para complementar as informações sobre seu paradeiro. Deste contato nasceu um papo franco e revelador com o qual o braço direito de Miguel Ângelo da Luz nos brindou.

Assistência - Sérgio Maroneze, professor universitário e assistente técnico da seleção brasileira de basquete feminino entre 1993 e 1996

1) O comando da seleção pelo técnico Miguel Ângelo da Luz, por Waldyr Pagan e por você foi a mais vitoriosa da história do basquete feminino no Brasil. O que você fazia antes de receber o convite para trabalhar na seleção? Quais eram suas experiências anteriores no basquete?

Comecei minha carreira em Porto Alegre, dirigindo a equipe escolar feminina do Colégio Farroupilha em 1984. Em 85 a Sogipa abriu o feminino e eu fui dirigir infanto, juvenil, principal e coordenar as demais categorias. No final daquele ano fui convidado para integrar a comissão técnica da equipe feminina da University of Cincinnati e, ao mesmo tempo, recebi outro convite para ir trabalhar com o professor Waldir Pagan na Minercal de Sorocaba, onde a Hortência estava jogando. Optei por ir para os Estados Unidos, e passei a temporada 85/86 lá, quando então, finalmente, o Waldir me convenceu a voltar. Fiquei na Minercal em 86 como assistente da equipe principal e como técnico do juvenil. Em 87, o professor Vendramini foi contratado como técnico do principal, e eu passei a dirigir o juvenil, o mirim e o mini. Em 88 fui para o EMAS da cidade de Salto ser assistente do professor Paulo Siviero no principal e técnico do juvenil. Em 89, com a saída do Paulinho, fiquei como técnico das duas categorias. De 91 a 93 trabalhei no Clube Atlético Taboão da Serra (A2). Em 94 e 95 fui para Belém do Pará, como técnico da equipe principal masculina do Clube do Remo.

2) Você e o Miguel assumiram em meio a muita desconfiança. Como foram as primeiras impressões e o primeiro torneio (o Sul-Americano de 1993, se não me falha a memória)?

Eu e o Miguel nos conhecemos quando fomos dirigir a seleção juvenil num Sul Americano no Chile em julho de 92. Em agosto fomos para o México com o mesmo juvenil onde ganhamos a Copa América Juvenil. Voltamos a nos encontrar em 93 para o Sul Americano adulto, mas eu só participei da fase de treinamento em Campos do Jordão, quem foi como assistente do Miguel naquela competição foi o professor Norberto (Borracha). A desconfiança das pessoas naquele momento tem que ser encarada com naturalidade, historicamente a quebra de paradigmas é vista com reservas e no nosso caso não foi diferente.

3) Logo depois, o Brasil disputou a Copa América, em que mostrou um basquete consistente, chagando a vencer a seleção norte-americana, na qual já despontavam Lisa Leslie e Ruthie Bolton, mas ficou com a prata. Mas o torneio acabou mexendo com a torcida, que lotou o Ibirapuera. Ali vocês já viram que aquela mescla entre as mais experientes (as titulares Hortência, Paula, Janeth, Marta e Ruth) e as quase juvenis (Leila, Silvinha, Helen, Alessandra, Roseli, Lígia) poderia dar um bom resultado?

Por já haver trabalhado com as juvenis em 92, sabíamos do potencial delas, o que colaborou para que o Miguel confiasse nas trocas durante as partidas. Outro ponto fundamental é que elas cresceram enormemente durante a competição, conquistando seus próprios espaços.

4) Na convocação para o Mundial de 1994, a comissão técnica decidiu por não convocar a pivô Marta Sobral, uma decisão que foi criticada por todos. No final, mostrou-se acertada: a atleta se esforçou para voltar à seleção e não se acomodar, o Brasil foi campeão e revelou novas pivôs. Foi difícil tomar uma decisão tão corajosa assim?

Um dos principais fatores que ajudaram a alicerçar as conquistas enquanto estivemos juntos na seleção, foi que havia uma comissão técnica trabalhando, tomando decisões, dividindo tarefas, dividindo responsabilidades, programando treinos e atuando em conjunto. Nós nunca fizemos opções de cunho pessoal. Nos reuníamos diariamente e todos manifestavam seu ponto de vista até que se chegasse num conscenso à respeito da decisão que seria, então, pública. O corte da Marta foi complicado não só porque ela era considerada uma ótima jogadora na posição (pivô), mas também em função da incontestável versatilidade dela na quadra.

5) A preparação para o Mundial de 1994 não foi 'teoricamente' o melhor que se podia ter feito. Foram dois meses de treinamento. Os amistosos se limitaram às inexpressivas argentinas e eslovenas e às tradicionais cubanas. Em solo australiano, perdemos para australianas e americanas por placares dilatados e por pouco não perdemos também para a seleção juvenil australiana. Como o grupo encarou esses resultados às vesperas do torneio?

A fase de treinamento foi, dentro do nosso contexto, a melhor possível. Ficamos praticamente toda a primeira fase em São Roque num hotel cinco estrelas, com todo apoio que precisávamos. Concordo quando você diz que os amistosos contra a Argentina não acrescentaram muita coisa. No caso da Eslovênia, esperávamos um adversário melhor, ficamos surpresos quando elas não corresponderam às nossas expectativas. Quanto as cubanas, só faltou sair faísca nos jogos, elas foram muito competitivas em todas as ocasiões.
Quando chegamos em Melbourne para participar de um torneio pré campeonato Mundial, perdemos para a Austrália e para os EUA em partidas que a nossa equipe não conseguiu jogar, literalmente. Não houve tempo para que as jogadoras se adaptassem ao fuso, os critérios da arbitragem deles eram muito diferentes, enfim, foi terrível. Já na terceira partida, contra a seleção juvenil da Austrália, foi diferente: a arbitragem da casa não nos deixou jogar e o jogo quase não acabou por esse motivo. Na entrevista após a partida, questionado a respeito do episódio, respondi que a maior prejudicada com tudo aquilo seria a seleção australiana, já que durante o Mundial eles não poderiam fazer uso daqueles artifícios de defesa ilegal sem serem penalizados pela arbitragem da FIBA. Não deu outra. O grupo se valeu desse último episódio para se unir, aquilo sacudiu com os brios de todos nós.

6) Há receita para uma preparação adequada para um torneio de importância como Mundial e Olimpíadas?

Receita ? Acho que o bom senso deveria privilegiar a preparação da seleção, com Federações e Confederação acertando os calendários com anos de antecedência, verbas coerentes sendo direcionadas não só para os dois meses que antecedem a competição, mas para a preparação a longo prazo. Talvez então os técnicos pudessem acompanhar o campeonato europeu, o asiático, etc, e agendar tantos amistosos internacionais quantos fossem necessários para dar a bagagem que as nossas atletas precisam para chegar ao Mundial ou Olimpíada como nós desejamos e elas também.

7) Qual foi o jogo mais sofrido para você no Mundial: aquele drama contra as espanholas, ou a surpreendente semifinal com as americanas (ou outro)?

O mais sofrido foi o terceiro jogo da fase de classificação (contra a Polônia), porque após ganhar de Taipei e perder para a Eslováquia, estávamos na obrigação de ganhar da Polônia, então a ansiedade e a responsabilidade aumentaram muito. Já quando chegamos na semi final contra os EUA, o plano de jogo estava prevendo uma série de alternativas táticas para se estivéssemos em desvantagem no marcador já no primeiro tempo, mas a equipe foi excepcional e não houve necessidade de fazer outra coisa senão aquelas que foram escolhidas como a estratégia inicial.

8) Como foi a sensação dos primeiros dias como campeão mundial?

Houve dois momentos bem diferentes: quando chegamos ao Brasil viajei para Porto Alegre para visitar meus pais e fui convidado por todas as redes de televisão para dar entrevistas ao vivo em programas de esporte. Como a seleção brasileira de futebol estava na Copa do Mundo, só se falou do basquete feminino nas nossas últimas três partidas. O jornalista Juarez Araújo, na época na Gazeta Esportiva, foi o único profissional de imprensa que fez a cobertura total direto da Austrália.
Quando voltei para São Paulo, no início de agosto, me reapresentei à escola onde trabalhava. Levei a medalha comigo e cheguei todo orgulhoso... Para encurtar a história, a direção me deu os parabéns e pediu para que eu fosse até o departamento pessoal. Eu havia sido demitido. Daí para frente foram onze meses muito difíceis, mas que me ensinaram muito.

9) Antes das Olimpíadas, outro momento difícil ocorreu. A comissão, com a reincorporação de Hortência, cortou a armadora Nádia, optando por Silvinha. Novamente, houve acerto: a ala-armadora fez um torneio bastante consistente para sua poca experiência. Como é a missão de cortar uma atleta do grupo e quais são os principais parâmetro a serem analisados?

Como comentei anteriormente, trabalhávamos em equipe. Quando alguma jogadora era cortada por critério técnico, assumíamos a responsabilidade da decisão. O corte da Nádia foi uma decisão muito complexa, e infelizmente, não foi o primeiro que fizemos. A missão de cortar é dolorosa para todos, não só para a comissão, mas faz parte do trabalho na busca da equipe que, naquele exato momento e naquelas circunstâncias, parece ser a mais adequada para os propósitos da competição.

10) Nas Olimpíadas, outra campanha fantástica que mesmo com a prata não perde o brilho. Mas, infelizmente, passou a impressão que as americanas eram imbatíveis. O que aconteceu naquele dia? Elas estavam imbatíveis ou nós estávamos tranquilos demais com a prata?

As duas coisas, por mais paradoxal que possa parecer. Os EUA gastaram U$ 1 milhão na preparação da equipe, o Brasil gastou R$ 300 mil... Elas escolheram 12 atletas entre quase 200, nós escolhemos 12 entre 24..., elas fizeram mais de 50 amistosos na fase de preparação, nós... Por outro lado, concordo com a opinião da Magic Paula quando ela diz que a equipe se satisfez depois de ganhar da Ucrânia.
Há também outro motivo: O Miguel e eu sempre organizamos os planos de jogo baseando-nos nas características das adversárias (tanto individuais como coletivas) assistindo videos e marcando jogadas e, é claro, nas estatísticas. Dessa forma não deixamos a Haixia jogar na final na Austrália, só para exemplificar. Na final em Atlanta, seguimos o padrão, porque até aquele jogo mais ou menos 70% dos pontos das americanas eram feitos pelos pivôs. Só no primeiro meio tempo sofremos quatro cestas dos três pontos, coisa que elas não haviam feito somadas todas as partidas do campeonato até então. Apesar disso, quando faltavam dois minutos para acabar o primeiro meio tempo, estávamos em desvantagem de somente sete pontos.

10) Você acha, hoje, que foi acertada a decisão de recusar-se a enfrentar as americanas na fase de amistosos antes da Olimpíada?

Acho.

11) Mesmo com esses bons resultados, você e o Miguel queriam deixar a seleção, o que acabou acontecendo. Por quê?

Eu havia decidido sair, mas só afirmei isso publicamente após o jogo contra a Ucrânia, e o motivo principal é que eu estava quebrado financeiramente. Fiquei doiss anos sendo o único membro da seleção que participava de todas as comissões: era o técnico do juvenil e do cadetes e assistente do principal. Minha escola me dispensava sem remuneração e a "ajuda de custo" da Confederação era ridícula. Já o Miguel, após o Mundial, fez merecidamente dois ou três bons contratos com o Flamengo, e havia um desgaste natural na seleção em função do cargo dele e da pressão que ele nunca parou de sofrer: era pedrada de todos os lados o tempo todo. Como, na realidade, ele tinha outra opção no clube, achou que era a hora certa de sair.

12) Nesse tempo todo, você acabou não sendo incorporado ao basquete de clubes. Por quê? faltaram convites ou você não se interessava?

Houve um convite formal de uma grande equipe, que acabou não se concretizando na prática por circunstâncias meio obscuras para mim até hoje. Recebi alguns convites para dirigir por hobby e não aceitei porque quem me conhece sabe que gosto de propostas sérias, e de trabalho comprometido com a grandeza que o basquete feminino merece.

13) Em 1997, circulou a notícia que o Waldyr Pagan estaria tentando montar uma equipe na capital paulista e que você seria o técnico. O que aconteceu com esse projeto?

O Waldirzão me ligou e disse: "Gaúcho, começa a pensar em reorganizar sua vida porque tem um patrocínio para uma grande equipe de basquete feminino saindo do forno, e você vai ser o técnico..." Mas, como é supersticioso, só contou o provável milagre e eu nunca fiquei sabendo o nome do santo, nem porque não vingou o projeto.

14) Você ainda mantém contato com essa figura fantástica que é o Waldyr Pagan, que infelizmente não usufrui do valor que tem para o nosso basquete?

Você disse tudo, é uma grande figura... Risos... Daria para escrever um livro só contando as maravilhosas histórias do Waldir dentro do basquete... Temos nos visto pouco, mas falamos regularmente pelo telefone (sem telefone o Waldir não vive) e almoçamos juntos dois meses atrás. Ele continua espirituoso como sempre foi, e está muito elegante depois de ter feito uma dieta. Fico feliz de você ter perguntado dele. Ele merece ser lembrado sempre que se falar de basquete feminino.

15) Fale um pouco de suas atividades no momento e dos seus planos profissionais (há o sonho de voltar ao basquete de alto nível?).

Sou professor da disciplina de Basquete I e II da Universidade Bandeirante (Uniban), Centro Universitário Nove de Julho (Uninove) e da Universidade Metodista de São Paulo, leciono para alunos do curso de Educação Física. Fiz pós graduação Lato Sensu em Tecnologia Educacional e estou terminando a pós graduação Stricto Sensu (mestrado) em Educação. Em 97 e 98 dirigi a equipe de basquete feminino da Uniban nos torneios da FUPE e da Liga Universitária, foi muito interessante e diferente. Quanto a voltar para o alto nível, não sei se a frase é do professor Daiuto, mas está num de seus livros: "Felicidade é ter como ofício a paixão." Se for possível conciliar, um dia, a minha paixão e a minha conta bancária, volto correndo !!!

16) De fora, como você vê o trabalho que vem sendo feito?

De vidraça a pedra ? Não, obrigado. Eu não vou fazer com o Barbosa o que ele fez conosco, isso não seria elegante da minha parte. Confio no trabalho e na seriedade do assistente técnico, professor Paulo Bassul. Confio também nas jogadoras, porque, independentemente do resultado final, elas terão dado o melhor de si para a seleção. Em todo tempo que trabalhei com Hortência, Paula, Janeth, Alessandra e cia. nunca tive uma ordem tática contestada, elas estão acostumadas a ser dirigidas e são muito disciplinadas e fiéis às orientações dos técnicos.

17) Como ténico, qual a sua opinião da ausência de jogadoras importantes que estão na WNBA da fase de treinamento?

Isso é circunstancial. Se tivéssemos estrutura para fazer o campeonato que o nosso basquete feminino merece, com maior número de clubes e de estados participando, as jogadoras não iriam para a WNBA, até porque os salários daqui são melhores em se tratando dessas jogadoras consideradas "top". A seleção precisa das 12 melhores. Temos que administrar a situação e ver o lado das meninas também.

18) Quais são os seus palpites para Sidney?

Na minha opinião, a forma de disputa da Olimpíada é mais generosa do que a do Mundial. Há tempo de corrigir distorções entre um jogo e outro. Austrália e EUA devem fazer a final. Vou ficar muito contente se puder torcer pelo Brasil na disputa pelo bronze...

19) Um grande abraço e obrigado pelo papo!

Eu é que agradeço pela oportunidade e pelas perguntas bem formuladas. Um abração !!!

5 Comments:

  • At 5 de abril de 2008 às 19:29, Blogger Unknown said…

    Difiil falar dee Sergio Maroneze pois tive aulas de basquetebol na faculdade de eduação física. Conhecia as conquistas dele omo técnico e achava que a aula iria ser um treinamento.
    Me surpreendi pois ele dosa certo a bagagem como tecnico com a metodologia e a aprendizagem educacional. Na minha opinião um dos melhores profissionaisde basquete do Brasil.

     
  • At 20 de agosto de 2008 às 16:23, Blogger alexandre uniban said…

    É dificil falar do Sergio pois ele é uma pessoa muito inteligente, tive muita sorte em ter ele como professor, aprendi muito com ele na faculdade so tenho elogios para fazer boa sorte

     
  • At 13 de maio de 2009 às 21:51, Blogger Bia Oliveira said…

    Simplesmente o melhor professor que tive, agradeço muito por ter tido essa vivência em minha vida, uma honra ter sido aluna desse cara... PQ ele é o cara!

     
  • At 4 de junho de 2009 às 13:29, Blogger Bambam capoeira said…

    SOU ALUNO DO MESTRE SERGIO MARONEZE NO CURSO DE EDUCAÇÃO FISICA (UNIBAN).NÃO SABIA DETALHES SOBRE SUAS CONQUISTAS ELE É DISCRETO SOBRE ISSO ,MAIS COMO PROFESSOR ELE É EXCEPCIONAL ,MUITO DEDICADO ,ATENCIOSO E UM APAIXONADO PELA GRANDE ,DURA E ASPERA BOLA DE BASQUETE COMO ELE BEM FRISOU EM SUA PRIMEIRA AULA,SOU ATLETA DA MODALIDADE CAPOEIRA E NUNCA TINHA PEGO EM UMA BOLA DE BASQUETE, O SERGIO TEM A CAPACIDADE DE NOS CONTAGIAR COM SEU AMOR PELO BASQUETE E ISSO FAZ COM QUE OS ALUNOS TAMBÉM GOSTEM DA MODALIDADE,ACREDIDO QUE A CONQUISTA DO MUNDIAL PELA SELEÇÃO E PELO PROFESSOR MARONESE É GRANDIOSA E TALVEZ INFELISMENTE NÃO SE REPITA ,POREM A MAIOR CONQUISTA DESSE GAUCHO É A CAPACIDADE E O DOM QUE ELE POSSUI DE TRANSFORMAR PESSOAS COMUNS EM PROFESSORES EM CIDADÃOS....O GAUCHO É 10...CLAUDIO GARCIA

     
  • At 30 de agosto de 2009 às 21:41, Blogger Unknown said…

    Sei que esse é um lugar para comentarios mas esse professor é sem comentarios.kkkkk.
    Além de um otimo professor ele se mostrou um grande amigo...
    Valeu professor um grande abraço.
    Mauro Voros Junior.(bombeiro)

     

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