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As melhores entrevistas do basquete feminino no Brasil

quinta-feira, junho 14, 2007

Luiz Remunhão

L u i z R e m u n h ã o

A Assistência do Painel do Basquete Feminino passa a bola para Luiz Remunhão, uma figura célebre nos bastidores do basquete feminino paulista. Basta dizer que foi ele o supervisor do basquete do BCN, em sua fase mais vitoriosa. Saiu do clube, junto com Maria Helena Cardoso, antes dos recentes acontecimentos, que extinguiram a categoria adulta do clube. Agora, além de dirigente adjunto da Federação Paulista de Basquete, é supervisor da seleção juvenil feminina. Ah! Ele também é cunhado de Magic Paula e Branca. Com vocês, Luiz Remunhão!

1) Você já era um basqueteiro antes de entrar para o clã das Gonçalves? Ou as duas coisas aconteceram juntas?



Formado em Educação Física pela Faculdade de Educação Física de São Carlos, em 1973, já era "basqueteiro" desde a adolescência, muito antes portanto, de entrar para a "Família Gonçalves"o que ocorreu em 1984.



2) Gostaria que você detalhasse suas atividades iniciais dentro do basquetebol.



Como professor da Rede Estadual de Ensino, fui convidado em 1981 pela Profa. Maria Helena Cardoso para participar da Comissão Organizadora do "Torneio das Estrelas", evento que a cidade de Piracicaba realizava anualmente. Após o torneio fui convidado a trabalhar, como supervisor, da equipe da A.D.Unimep, que dava os passos iniciais na cidade de Piracicaba. Permaneci na Unimep até o início de 1988, quando me transferi para Sorocaba, trabalhando por uma temporada no C.A. Minercal, voltando a Piracicaba no início de 1989 para trabalhar no BCN, que havia assumido a equipe da A.D.Unimep. Trabalhei em Piracicaba por 8 (oito) anos, até ser transferido em 1997 para Osasco.



3) O público se lembra de você como supervisor do BCN/Osasco em seus tempos áureos. Como foi essa experiência?



Fizemos em Piracicaba um trabalho de renovação, dando oprtunidade a várias atletas que surgiam no cenário esportivo, como Claudinha, Cintia Tuiu, Cristina, Patrícia Mara, Kátia Denise, Fabiana, etc. sob o comando da técnica Maria Helena. Esta equipe foi campeã da série A-2 (em 1995), ganhando o direito de participar da Divisão Especial. A Diretoria do BCN em busca de uma estrutura melhor para desenvolver seus projetos, firmou um convênio com a Prefeitura de Osasco e a partir de 1997 nos transferimos para Osasco, onde a equipe teve um desenvolvimento extraordinário, sagrando-se Bi-Campeã Paulista (97-98), Vice-Brasileira (97), Campeã Mundial de Clubes (98). Foi uma experiência gratificante, pois o Projeto BCN Esportes, com as vitórias da equipe adulta, solidificou-se e arrebanhou milhares de crianças da cidade de Osasco para participarem de seus núcleos de formação de novas atletas, que permanece até os dias atuais.



4) Se não estou enganado, na reformulação do BCN, você também deixou o clube, junto com a técnica Maria Helena Cardoso. Depois disso você não trabalhou mais com clubes. Pensa em trabalhar? Recebeu convites?



No início de 1999, na reformulação do BCN, como você diz, saímos (Maria Helena, Heleninha e eu) do Clube, após trabalhar nele por mais de 10 (dez) anos e com a sensação de perda de um ente muito querido. Não trabalhei mais em nenhum clube, pois penso em fazer basquete novamente em Piracicaba (apesar das dificuldades), mas estudaria com muito carinho qualquer convite para voltar a trabalhar em clubes.



5) No momento, você vem trabalhando como supervisor da Confederação Brasileira de Basquete. Qual é seu raio de ação? Você está acompanhando somente a seleção juvenil feminina?



Fui convidado pela técnica Heleninha para ser o supervisor da Seleção Brasileira Juvenil Feminina e venho acompanhando-a desde a conquista do Sul Americano no Chile em 98, e mais recentemente, a conquista do 3º lugar e a vaga para o Mundial Juvenil, em 2001, na República Tcheca.



6) Você esteve presente na disputa da Copa América de seleções juvenis, na Argentina, competição na qual o Brasil ficou com a medalha de bronze. O que falta para que o trabalho de base brasileiro possa se equiparar ao cubano e, quem sabe um dia, ao norte-americano?



O trabalho de base brasileiro ainda é superior ao cubano, mas está anos-luz atrás dos norte americanos. Temos que aumentar a participação dos Clubes na formação de novas atletas, pois atualmente poucos se dedicam a esse trabalho, casos específicos de Americana, Jundiaí, Osasco, Santo André, o que convenhamos é muito pouco para estarmos na elite do basquete mundial.



7) Qual é o perfil dessa nova seleção juvenil ? Predomina o trabalho de pivôs? É um grupo mais homogêneo? Tem qualidade para estar breve na seleção adulta?



Temos uma seleção juvenil com o melhor do momento no basquete Feminino Brasileiro, uma seleção alta (média de 1,82 mts) onde predomina a filosofia da técnica, que é "defesa forte, transição rápida" que é a própria filosofia do basquete brasileiro. Temos jogadoras de qualidade, que com mais experiência internacional, sem dúvida, brevemente defenderão a Seleção Adulta. Temos a promessa do presidente da CBB, que a partir de janeiro de 2001, esta Seleção Juvenil terá todo apoio possível para desenvolver um plano de trabalho visando uma preparação adequada para bem representar o Brasil no Mundial.



8) Já que falamos do adulto, quais as sua expectativas para as Olimpíadas? Vamos sobreviver na elite sem Hortência e agora também sem Paula?



Esta Seleção Adulta possui um grupo mais homogêneo e bastante experiente; apesar de conhecer todas as atletas desta seleção, acredito que elas sentirão o peso de participar de uma competição tão importante como as Olimpíadas, sem dúvida, sentirão a falta dessas extraordinárias ex-jogadoras Paula e Hortência. Para esse grupo se firmar na competição, o comando (treinador e comissão técnica) terá um papel muito importante, transmitindo firmeza, determinação e confiança às atletas.



9) Como representante do basquete paulista, como você acha que o campeonato reagirá ao exôdo das estrelas para o Rio de Janeiro e à vinda das cubanas?



Como Diretor adjunto do Basquete Feminino da Federação Paulista de Basketball, trabalho e torço para que o basquete paulista continue forte e trabalhe na base, sendo importante por isso a vinda das atletas cubanas, pois além de reforçar as equipes, servem como "espelho" para as atletas que se iniciam no esporte.



10) Como aumentar a prática de basquete no país e evitar que os campeonatos tenham apenas seis equipes (como o Paulista e provavelmente o Carioca), ou oito no caso do Nacional?



Sem dúvida, aumentar a prática de basquete no País é o desejo de todos nós, mas sabemos que, principalmente no feminino as dificuldades são maiores, por falta de clubes formadores de atletas, de campeonatos regulares, a falta de patrocinadores, o descaso dos governos para com os projetos envolvendo crianças no esporte, etc.

Em São Paulo, a desvalorização da matéria de Educação Física na escola pelo Governo Estadual ocasionou a falência dos campeonatos colegiais e outros eventos da Secretaria Estadual de Esportes, que sempre foram um "celeiro" para o surgimento de promessas para o esporte de São Paulo.



11) Obrigado pelo papo! Um grande abraço do Painel e o desejo de sorte e sucesso em seus projetos pessoais e profissionais!



Agradeço a oportunidade de manifestar a minha opinião neste site muito interessante para os amantes do Basquete Feminino